O espaço em que a Mini-suu dá pitaco na vida alheia (coisa que ela adora) está de volta e o problema da vez é da leitora Isabela (nome falso), que tem um problema muito comum entre as jovens não só daqui, como do mundo todo.
“Namoro há séculos, mas ainda sou de menor. E meus pais não me dão liberdade com meu namorado. Ok, já melhorou de uns tempos pra cá, mas olha o nível: agora não preciso da burocracia enorme de sempre pra ir no shopping com ele de tarde sozinha (antes precisava). Então, se eu quiser viajar com a família dele/sair com os amigos dele/dormir na casa de algum amigo em comum com ele lá/sair com ele para lugares à noite eu SIMPLESMENTE NÃO CONSIGO. E vejo que conversa não é viável. Já soltei um “vocês não confiam em mim” quando na verdade queria dizer “você acha que eu vou sair dando na rua enlouquecida? Se quisesse eu faria e vocês nem saberiam, não precisa me privar de tudo”. Eles deram maior piti porque dizem que confiam sim, mas é por “questões de segurança” WHAT?
Ok Mini-suu, engole esse sapo e chora comigo”
Dou agora o teclado pra Mini-suu dar pitaco.
Ok, claramente o que acontece aqui é um clássico caso de pais super protetores que sabem como o mundo de hoje é.
É pai matando filho, filho matando mãe, namorado matando namorada, e por aí vai. Seus pais assistem muitos noticiários? Quase certa que a resposta será SIM, PORQUE NÉ. ELES TÃO LIGADOS. SHIT HAPPENS.
O problema é, sim tragédias acontecem, mas se formos viver de acordo com o nosso instinto de ~sobrevivência urbana~, a verdade é que ninguém vai a lugar nenhum. Vai todo mundo parar de trabalhar, estudar, ir ao cinema, etc etc. Sendo assim bora todo mundo só ficar embalado a vácuo e em plástico bolha dentro de casa e viver pra sempre!
Esse “medo do mundo” não é exclusivo só aos pais. Todo mundo fica um pouco crisado de vez em quando, mas no caso dos pais da Isabela (que é comum), é uma preocupação nível hardcore já que se trata de uma pessoa conhecida (o namorado de ~séculos~) e mistura o medo do mundo com o instinto natural básico de proteger seus filhos. Aquelas coisinha chatas que eles colocaram no mundo e criaram desde sempre pra continuar a linhagem da família. Filhos são importantes.
Mas tem uma coisa que eu já escutei de parentes do meu namorado, que é o ato de criar os filhos para o mundo, e não para si mesmo. Vou explicar.
Se você, mãe, cria seu filho sob diversas regras e restrições, proibindo as saídas de casa que ele der, não permitindo que tenha amigos do sexo masculino (caso das meninas), não permitindo que ele arrume um emprego quando a idade certa vier (afinal ele mora com você, ganha mesada, vai trabalhar pra quê?!), não permitindo que namore pois os garotos/garotas da idade dele só pensam em uma coisa e ainda atrapalharão os estudos, e etc etc todos já sabemos o discurso…
Você está criando uma pessoa dependente e que provavelmente no futuro vai morar na sua garagem e dificilmente vai casar e dar continuidade a sua preciosa linhagem de família.
Claro que são precisos certos limites e restrições, mas você tem sempre que lembrar que está criando uma pessoa e não um bicho de estimação. Se você não deixa o filho ou filha ir pro cinema com os amigos numa tarde de sábado, é certo que em algum ponto ele irá escondido, enquanto mata aula durante a semana. E assim vai aprender que se quiser “viver”, você não poderá ficar sabendo. Com essa lógica implantada, é daí pra pior.
Imagino que a Isabela esteja na faixa dos 15~17 anos, idade em que o cérebro já tem pleno funcionamento e sabe diferir cores e tudo o mais. De certo ela também sabe o que é certo, e o que é errado. De certo ela sabe definir quando alguém é confiável (vulgo o namorado de ~séculos~) e quando não é. Portanto, ela tem plena noção dos modos de permanecer em segurança quando está fora de casa. (Coisa básica, não falar com estranhos, não andar a noite sozinha, não entrar em becos desconhecidos, não aceitar bebidas de quem não conhece ou que não estejam dentro de uma latinha ou garrafa lacradas, etcetcetc)
Os pais conhecem o namorado? Passam tempo com ele? (Se não, esse é o caminho) Confiam nele? Então podem confiar a filha nele.
Além do medo ~do mundo~, imagino que eles também podem não ter plena confiança no seu namorado com você. E isso é que precisa ser conversado. Porque de que adianta confiar em você, se eles não confiam na pessoa que vai estar com você?
Cê já disse que diálogo não adianta, mas infelizmente, não tem outro jeito. O que tem outro jeito, é a abordagem. Fale sobre a confiança deles no seu namorado, exponha o quanto ele cuida de você, como nunca tentou nada que você não quisesse (NÉ?), enfim, é um processo, e você ser de menor não ajuda muito, mas não torna impossível. Traga também mais proximidade entre o rapaz e os seus pais, o que também se constrói com tempo e paciência.
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Quem aí passa pela mesma situação que a Isabela? Tem algo a acrescentar pra ajudá-la?