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Carta para Nicole

01fev

Acho que esse texto ficou um pouco pesado. Mas como prometi pra mim mesma que ia voltar o blog a ser um pouco mais pessoal como era antes, eu quis escrever isso aqui mesmo assim. Porque seria injusto alguém que foi grande parte da minha vida não ter qualquer dedicatória num lugar que eu amo tanto como aqui. Então vou cortar o post bem aqui e, quem quiser, pode clicar no “Continue lendo…”, quem não, pode seguir adiante.


São 7:07 da manhã de um domingo. Do primeiro dia de fevereiro de 2015. O primeiro dia depois do fim do pior mês que eu já tive de suportar. São 7:07 da manhã, e eu senti um impulso irresistível de levantar mesmo estando escuro (acho que vai chover, pra piorar tudo) pra escrever isso pra você.

Você chegou pequenininha nessa casa, quase 12 anos atrás. Cachorro novo sempre é a alegria da casa, mas costuma ser esquecido – ou melhor dizendo, acostumado a família e acaba sendo “mais um” já que a novidade uma hora passa.

Mas você não. E nem a Dolly.

Se vocês duas se tornaram alguma coisa, foi o centro das atenções por aqui. Minha família sempre foi doida por animais – nosso lado da família pelo menos, então essa situação foi esperada e natural. E como deve lembrar, isso me irritou várias vezes. Que família deixa até de sair pra passear pra não deixar as coitadinhas das cachorrinhas sozinhas em casa? Nossa, me irritava muito. Só que nunca a irritação foi com você, é claro. Era impossível ficar irritada com você.

Afinal quem consegue ficar irritado com alguém que nunca fica irritado com você? Parece injusto. Mas cachorro é assim mesmo. Basta fazer um olhão de quem não sabe o que está acontecendo e puff, a bronca some e a dó aparece.

O quarto tá tão frio agora que é estranho. Estranho porque numa hora dessas, eu estaria levantando pra desligar o ar condicionado, já que a Mika não pode ficar com muito frio, e era capaz eu demorar pra reconhecer o tanto de frio que tá, porque quando eu acordo você normalmente tá aninhada no meu pé me fazendo passar calor. Mas a Mika não tá mais nesse mundo, já faz uma semana, pra eu ter que levantar da cama.

E agora, há dois dias, nem você.

É um clichê danado, mas é necessário; a vida é como uma pessoa birrenta e bipolar. Pode mudar do melhor pro pior a qualquer momento, e vice-versa. Sem aviso. Sem motivo. Apenas “porque sim, e dane-se você que não pode me impedir”. Porque foi exatamente isso que eu meio que ouvi, nessa quinta-feira passada, quando o veterinário nos informou que o que você tinha no fígado era uma neoplasia.

Câncer. Ele quis dizer câncer.

Você já tava sofrendo bastante fazia quase um mês. Visitas intermináveis em três veterinários diferentes, muitos remédios todos os dias, e nem sinal de melhora. Mas nós ficamos pensando positivo. Havia a possibilidade de ser uma neoplasia, sim, mas também podia ser duas outras coisas que agora já não me lembro os nomes. E nem ligo. Não dava pra ter certeza porque pra isso era preciso uma biópsia. E como você era cardíaca, era inviável passar por cirurgia agora.

Ficamos torcendo pra ser uma das outras duas. Qualquer uma, sério. Porque elas ainda tinham jeito. Mas só o fato de nesse dia, justo nesse dia, a Dolly que sempre quis distância de você a maior parte do tempo (aquele tipo de casal de irmãs que se engalfinha em fúria só ao toque das duas), ficar te seguindo pela casa e deitando do seu lado onde quer que você deitasse… Cara. Cachorro é um bicho mais sabido que gente. No dia eu percebi isso, sim achei estranho, mas queria acreditar que era só uma coincidência. Mas nunca é coincidência.

Quisera fosse.

A Dolly sabia, não é? E ela nem mesmo precisou te ver (ela é cega), em momento algum ouvi vocês latirem. Mas mesmo assim. Ela sabia. A gente aqui se recusando a acreditar, mas ela sabia, que aquela manhã ia ser o último momento de vocês juntas. Que bom que vocês resolveram suas diferenças ou o que quer que fosse antes de tudo acontecer.

Você já devia estar de saco cheio de ter ido no veterinário pra ficar tomando soro já 5 dias seguidos, né? Mas fazer o que, você não conseguia comer mais nada. Então era o soro ou a piora da anorexia que se instalou numa cadelinha que antes costumava ser tão gordinha e tirar meu fôlego toda vez que eu te carregava.

Minha mãe e eu achamos que você tinha tido uma melhora mínima. Estava andando, fraca e cambaleante, mas estava. Na enfermaria, você não queria ficar deitada de jeito nenhum, só queria colo da minha mãe.

Depois você começou a ter maior dificuldade pra respirar, e eu chamei um veterinário de plantão pra te ajudar. Ele, eu imagino, foi o mais sincero de todos os outros. Mandou os enfermeiros trocarem você de cabine pra uma que tivesse o tanque de oxigênio, porque você ia precisar.

Porque você ia “parar daqui a pouco”.

Primeiro eu não entendi o que ele quis dizer, ou pelo menos não quis entender. Minha mãe acho que nem ouviu bem. Quando você ficou com mais dificuldade ainda pra puxar o ar, poucos minutos após a troca de cabine, ele voltou e administrou uma máscara de oxigênio no seu focinho. E minha mãe não suportou, e foi embora pra sala de espera chorando muito. Foi preferível, porque como você deve lembrar, ela tava muito, muito mal. Fiquei até com medo de ela ter um troço. Eu deixei bem claro que não ia te deixar sozinha em momento nenhum. Até porque, a essa altura eu já sabia. Só não queria dizer pra minha mãe.

Eu já sabia o que ele queria dizer com “ela vai parar daqui a pouco”.

Quando você deu parada respiratória eu tive de sair de perto pra dar espaço pros enfermeiros, mas por sorte pouco antes disso eu tive tempo de dizer o quanto eu te amava e que estava tudo bem. Que eu entendia que você precisava ir. Porque eu entendo, de verdade. Que você podia ir sem preocupações, e que a gente aqui ia ficar bem eventualmente.

Você me ouviu, não foi?

Não demorou mais do que um minuto depois disso pra você se deixar ir. Não me entenda mal, mas ver a vida indo embora dos seus olhos (literalmente, é um fenômeno visível. Os reflexos param e os olhos parece que aumentam de tamanho e ficam opacos.) é uma cena que vai me assombrar ainda por muito, muito tempo. Eu nunca tinha visto ninguém morrer antes, assim bem na minha frente. E até agora não sei como consegui ficar ali vendo.

Na verdade, eu sei sim.

Me propus a passar por isso porque eu te amo demais pra te deixar sozinha. E você ia ficar com muito medo se a última coisa que visse quando a luz apagasse fosse o jaleco de um médico que você nunca tinha visto. Então dito e feito. Eu sei que a última coisa que você viu, foi o meu rosto. E isso, como eu disse, vai me assombrar pra sempre, mas não me arrependo nem um pouco.

Você já não estava mais aqui quando, depois que todos os enfermeiros se afastaram, eu me aproximei do seu corpinho e te dei um beijo na bochecha ossuda. Mas só por via das dúvidas, caso você estivesse por perto. Eu sei que você deve ter me escutado, de novo.

“Vai com Deus. Vamos te amar pra sempre.”

Você morreu em torno das 18:00 da sexta-feira, dia 30 de Janeiro. Morreu, mas virou estrelinha.

Minha mãe passou muito, muito mal, e nem conseguiu dormir no apartamento nessa noite, porque todo lugar que ela ia lembrava você. Ela passou o dia seguinte inteiro chorando também. Quando liguei pra ela outras vezes, ela ainda carregava muito pesar na voz e não tardava muito pra ela começar a chorar de novo. Na noite que você foi, eu me recusei a chorar mais que algumas poucas lágrimas na frente dela, porque não queria deixá-la pior. Tive até que voltar dirigindo o carro dela, e falando o tempo todo que você estava num lugar melhor agora, que você estava bem. Ela disse que eu sou muito forte nessa noite. Mas eu não sou. Eu só consegui tirar uma força incabível não sei da onde pra me controlar e fingir que era forte, pelo bem dela e da minha avó, que ia ouvir a notícia por mim. Eu segurei tudo nas costas, por você e por elas. Desabei um pouco quando, na mesma noite, consegui ficar sozinha no meu quarto, mas só por alguns segundos. Até hoje ainda não consegui tirar tudo do peito, exceto como to fazendo agora enquanto escrevo isso pra você.

Hoje é nosso segundo dia sem você, e mais tarde será a terceira noite.

Antes de bater 6 da manhã hoje, minha avó veio me acordar perguntando onde você tava. Lembrei ela de que você tinha ido embora. Não sei se você viu, mas da primeira vez que contamos na sexta-feira, ela chorou um pouco, mas depois ficou mais ou menos bem. Acho que a ficha não havia caído.

Mas o que foi de cortar o coração mesmo, foi nessa manhã. Ela já tinha esquecido e sido lembrada outras vezes na sexta e no sábado também, e todas as vezes ela lembrou com um “ah é mesmo! poxa vida…”. Mas dessa vez. Só dessa vez. Ela não lembrou. E foi como se tivesse escutado pela primeira vez. E desatou a chorar como não o fazia há anos.

Experimente ter de lembrar um ente querido seu, que possui Alzheimer, a cada meia hora de que alguém querido pra vocês dois, faleceu. Não é exatamente fácil pra nenhuma das duas partes.Então é, tá bem difícil agora sim. E ainda vai ficar difícil por algum tempo. Mas pode ficar despreocupada; eventualmente, nós ficaremos bem. Não vamos superar, nunca. Mas ficaremos bem.

Ontem eu ouvi uns trovões de chuva chegando, durante a tarde. Doeu demais, porque a cada trovão, durante 11 anos, você vinha correndo em pânico pro meu colo ou pro da minha mãe. E dessa vez, esperar você vir foi horrível. Porque você não veio.

Minha avó fica falando, em meio aos soluços do choro, “não sei por quê eu fui ter cachorro, só pra sofrer desse jeito…” mas não leve ela a mal. Nós sabemos, e no fundo ela também sabe, que tem sim um por quê de ter um cachorro. Você deu tanta alegria pra todos nós, até pra quem não conhecia você e só queria te fazer um carinho em meio aos passeios, durante longos 11 anos. Isso não tem preço. E por isso, vamos ser todas eternamente gratas. E pode ter certeza que vamos te amar pra sempre também, aí onde você está mesmo. Porque você foi nossa cadelinha, mas nós também fomos suas humanas. E olha que pra conquistar alguém assim, pelo resto da vida, sem nunca ter dito uma palavra não é fácil não, viu? Quer dizer, pra você foi. Bicho é assim mesmo. Bicho toca no coração com tinta permanente nas garrinhas.

Ainda bem.

Eu sei que você não sabe ler, porque né? Espero que tenha uma boa alma (péssimo uso de expressão) aí que possa ler isso pra você.

Te amo muuuuuito. Por favor esteja bem, esteja feliz, esteja livre de todas as centenas de dores que você tinha em terra, e mais importante – espera pela gente.

PS: A Mika tá por aí, provavelmente se escondendo de você.
PS²: São agora 08:39 da manhã e começou a chover.

Suelen Cosli

Aquele casal 20 lá da faculdade

12jun


E chegou o dia dos namorados. Uma data que eu zoava muito cerca de 4 anos atrás, pois até então nunca tinha passado esse dia com alguém especial. Ainda bem.
Porque assim essa data simbólica fica pra sempre marcada com a única pessoa que eu quero pra sempre ter comigo todo dia 12 de junho.

E essa pessoa tem os olhos verdes mais lindos desse mundo. <3

Como já não trabalhamos mais juntos (como aconteceu por quase um ano e meio), não estamos mais nos vendo tanto. Nos vermos todo dia tem sido um desafio com a mudança de rotina, mas sempre damos um jeito porque não nos acostumamos com a saudade ainda. Como se desse pra se acostumar né?

Eu só sei que depois de algumas experiências com relacionamentos fracassados, eu aprendi a identificar o que é pra sempre, e o que não é. O que é the real thing e o que é só uma tentativa fadada ao fracasso. O que é terminar uma briga fazendo de tudo pra deixar pra lá porque ficar numa vibe ruim é inviável, e o que é nem se importar se vão se falar no dia seguinte ou pelo resto da semana porque contornar a briga seria muito desgastante e você fica com preguiça. O que é receber a mesma quantidade de amor que você dá, ao invés de cair numa rotina chata e deprimente. Melhor ainda, o que é acabar caindo na rotina mas por ser uma rotina com essa pessoa, acabar por ser uma coisa boa.

São pequenas atitudes dos dois lados que dizem quando um casal é pra valer e quando tão ali só porque não tão fazendo mais nada mesmo.

Uma mensagem aleatória (normalmente mais de uma) durante o dia pra dizer que te ama, uma ligação pra dizer que tá com saudades, uma surpresa simples na frente de casa ou uma baita festa surpresa de aniversário. Há quem ache que essas coisas com o tempo ficam velhas e perdem a graça. Só que essas pessoas ainda não se apaixonaram de verdade.

Te amo muito, Hélio Neto! <3
//player.vimeo.com/video/77167135
Essa letra não tem o menor nexo pra quem é de fora, mas juro que esse vídeo foi a coisa mais linda que ele já fez pra mim. Fora que deu um trabalhão, hein? <3 Então acho que vale super a pena mostrar pras pessoas que eu me importo (você mesmo aí que lê meu blog, seu lindo!).

PS: Sim isso foi um post especial de dia dos namorados 😀 quem aí tiver feito algum também, me manda o link porque eu adoro ler historinhas de amor <3

Suelen Cosli